Chegou a hora de desmanchar, mais uma vez, a Mandala que construímos durante todo ano. Uma das mais antigas tradições do budismo Tibetano é a criação de Mandalas de areia colorida.
Grupos de monges dedicam dias, e às vezes semanas, à construção destas autênticas ferramentas de modelação espiritual feitas de milhões de grãos de areia colorida que, depois de prontas, são santificadas e destruídas com a mesma devoção e dedicação com que foram construídas.
"Tudo começa com o vazio."
É necessária muita paciência e muito cuidado, num estado de profunda meditação.
Os monges utilizam pequenos utensílios perfurados, semelhantes a pipetas, para distribuir a areia com a precisão de um bisturi.
Após a conclusão, a Mandala é santificada e inicia-se o processo de destruição, que se desenrola
de modo extremamente estruturado.
Para finalizar, toda areia utilizada é reolhida e lançada à água.
Este procedimento simboliza a transcedência da vida e o despojamento em relação ao mundo material - o desapego.
O ritual dá vida a dois dos mais contudentes - e dificeis de colocar em prática -preceitos do budismo: a impermanência e o desapego.
Passemos, então, ano a ano, a construir nossa Mandala com dedicação integral, lembrando que nada na vida é permanente(panta rhei -tudo flui), e que não existe morte que não seja seguida de renascimento.
Desmanchemos agora, com total desapego, a Mandala à qual nos dedicamos pelo ano inteiro de 2010, e dediquemos cada um dos dias de 2011 para a construção de uma nova Mandala.
Ao final, assim como agora, poderemos contemplar o resultado de nosso esforço de um ano inteiro, e desmanchá-la mais uma vez, dando lugar para um novo trabalho, num ciclo que se renova( Mandala =círculo)
Nada é permanente, perene. Tudo é passível de mudanças, tudo é passageiro.
O apego às coisas, à própria rotina, nos impede de abrir espaço para o novo.
E para que 2011, seja um "ano novo", temos que fazê-lo novo.
VIDA é transformação constante!
Feliz ANO NOVO!!!!